Na última década, vários autores que não só geógrafos urbanos têm chamado a atenção para as modificações nas interações fundamentais definidoras do funcionamento e da evolução das cidades. Discute-se não só o destino das grandes cidades como a dinâmica do sistema urbano como algo mais amplo e mais complexo do que somente a expansão das redes urbanas. Um dos principais resultados dessas discussões e da pesquisa empírica associada foi o reconhecimento de que existe uma urbanização total da população, ou seja, de que o mundo atual se configura como uma “sociedade urbana”, não só porque as estatísticas oficiais registram o aumento da população que habita o que oficialmente se considera como cidade, ou porque foram detectados “territórios urbanos” definidos, inicialmente, a partir da megalópolis, mas porque a urbanização se tornou uma “metáfora resumida da espacialização da modernidade e do planejamento estratégico da vida cotidiana”. Esta fecunda afirmação, que devemos à Henry Lefebvre, sugere, entre outras coisas, que o processo de urbanização pode ser entendido como algo mais abrangente do que a constatação empírica do tamanho, do crescimento do número, das funções, e da organização interna das cidades. Apesar da importância desses estudos, se encarados como um fim em si mesmo, pouco nos podem dizer sobre o sentido do processo de urbanização.

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Machado, L.O. 1993. A Geopolitica do governo local: proposta de abordagem aos novos territórios urbanos da Amazônia. Anais do 3º Simposio Nacional de Geografia Urbana. Rio de Janeiro: AGB/CNPq/UFRJ. pp. 83-88.