(…) Diversos estudos buscaram estabelecer uma aproximação entre geografia e guerra, seja tomando a guerra como objeto de estudo geográfico, seja mobilizando conhecimentos para esforços de guerra. Nosso caminho, no entanto, segue o trajeto inverso ao proposto por Lacoste. Se por um lado a geografia, como saber científico, em suas versões mais ou menos comprometidas, serviu – e ainda serve, vez ou outra – para fazer a guerra, no sentido de constituir um saber instrumentalizado para as ações e as justificativas da guerras, por outro lado, as guerras, de diferentes maneiras, “fazem geografia”, isto é, alteram o espaço habitado, redefinem os territórios e as fronteiras, estabelecem novas concepções sobre o espaço. É nesse sentido que traçamos a linha de continuidade entre guerra, técnica, espaço e poder, tendo como exemplo a formação das fronteiras dos Estados modernos e sua relação com a guerra (…)

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Rego Monteiro, L. C. 2014. Guerra, técnica, espaço e poder. Revista Carbono, n. 6