A lavagem de dinheiro, isto é, o processo mediante o qual o dinheiro obtido por meios ilegais passa à condição de legítimo ou tem suas origens ilegais mascaradas, constitui um problema em si mesmo. Recobre não só os lucros obtidos com o comércio ilícito de drogas mas também a evasão de capitais, a sonegação fiscal, a corrupção, o contrabando e todas aquelas atividades que buscam escapar do controle e da regulamentação governamental dos estados nacionais.

No processo de lavagem de dinheiro, a economia ilegal atinge seu ‘ponto de bifurcação’, deixando para trás sua condição ilegal para passar a integrar a economia lícita. Essa quebra de simetria entre o ‘antes’ e o ‘depois’ só é possível graças à alquimia realizada pelo sistema bancário e financeiro, que transforma o dinheiro sujo em dinheiro limpo através de operações numéricas e certos jogos de deslocamento geográfico.

A simbiose que assistimos hoje entre as organizações que exploram o comércio de drogas ilícitas e o sistema bancário e financeiro internacional pode ser considerada não só como a questão mais importante entre todas as que caracterizam a economia da droga mas também como a dimensão sombria da própria evolução do mercado internacional de dinheiro e de divisas, hoje administrado por um sistema bancário e financeiro globalizado.

[Link]

Machado, L. O. 1998. Movimento de dinheiro e tráfico de drogas na Amazônia. MOST Discussion Paper nº 22, 16 p.