A pesquisa buscou analisar dois aspectos da rede de distribuição de energia elétrica. O primeiro refere-se às variações no acesso dos lugares à energia e às diferenciações entre aqueles interligados e os não interligados à rede elétrica. O segundo aspecto é a evolução da estrutura de consumo de energia. Foram focalizadas duas áreas: o sudeste paraense, que se configura como uma ocupação recente e interligada à rede da usina hidrelétrica (UHE) de Tucuruí; e o baixo Tocantins, área de ocupação antiga não interligada à rede, eletrificada por usinas dieselétricas (UDEs).
A tese enfatizou a associação entre a rede de distribuição de energia elétrica, a rede urbana e as redes de infra-estrutura viária implantada a partir da década de 1960. É, todavia, a partir da conexão com a rede de energia que as cidades tenderam a se desenvolver, ganhando dinamismo próprio, modificando suas estruturas de consumo e alterando seus papéis e posição na rede urbana regional. Este foi o caso, por exemplo, de Marabá no sudeste paraense e poderá ser o de Cametá, no baixo Tocantins, cuja conexão à rede de energia de Tucuruí se deu em 1998.
Nas cidades que tendem a assumir o papel de nó de rede, ocorreu uma combinação dos tipos de consumo residencial/comercial/industrial. Diferentemente da maioria daquelas nas quais a estrutura de consumo de energia elétrica no Pará está concentrada no tipo residencial.
O desenvolvimento da rede de distribuição de energia deu-se de forma diferenciada, a partir da posição das cidades na rede urbana, como é o caso do sudeste paraense. Quanto ao baixo Tocantins e grande parte das áreas tributárias do rio Amazonas no Pará, esse desenvolvimento ocorreu de forma incipiente devido ao baixo nível de organização da rede viária. A partir do ano de 1998, está ocorrendo a incorporação do baixo Tocantins, do oeste paraense, e de algumas cidades do sudeste paraense à rede de energia elétrica, o que certamente acarretará mudanças nas estruturas de consumo.
O estudo revelou que as diferenças existentes entre as duas áreas de pesquisa, não é maior, que a diferença interna existente no sudeste paraense, dado a marginalidade das áreas rurais ao acesso à rede de energia. O exame das estruturas de consumo reflete o peso da urbanização, pois, apenas as áreas urbanizadas constituem mercado de consumo que justifique suas incorporações à rede de Tucuruí, embora ainda em condições precárias.
Tavares, M. G. C. 1999. Dinâmica Espacial da Rede de Distribuição de Energia Elétrica no Estado do Pará (1960-1996). Tese (Doutorado em Geografia) – Programa de Pós Graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.