Para grande parte da população brasileira, pertencente a um país que se desenvolveu intensamente orientado para o Atlântico, os espaços próximos aos limites internacionais com os países vizinhos são majoritariamente conhecidos através de mediações jornalísticas. Entre os vários meios utilizados para apresentar espaços desconhecidos pela maioria de seus leitores, os jornais geralmente valorizam um tipo peculiar de imagem: os mapas. Este trabalho tem como objeto de estudo a cartografia jornalística produzida por revistas e jornais brasileiros de grande circulação para representar os espaços de fronteira entre o Brasil e os países limítrofes entre 1964 e 2008. Considerando estas imagens como documentos figurativos de alta circulação, que podem difundir e revelar concepções distintas sobre estas regiões, o objetivo da tese é identificar os significados associados aos espaços de fronteira a partir da linguagem cartográfica dos mapas na imprensa. Ao relacionar imaginação, cartografia e geopolítica, a análise dos mapas coletados possibilitou a identificação de temas recorrentes que apontam para movimentos de “abertura” e “fechamento” das fronteiras sul-americanas. Nesta perspectiva, este estudo pode contribuir para incentivar novos caminhos de reflexão sobre o uso das imagens na geografia assim como – ainda que indiretamente – pode estimular uma necessária revisão das concepções que justificam grande parte dos programas e ações governamentais voltadas para estas regiões fronteiriças na América do Sul.

[PDF]

Novaes, A.R. 2010. Fronteiras Mapeadas: Geografia Imaginativa das Fronteiras Sul-americanas na Cartografia da Imprensa Brasileira. Tese (Doutorado em Geografia) – Programa de Pós Graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio de  Janeiro, Rio de  Janeiro.