Como foi possível a apropriação e a manutenção de aproximadamente cinco milhões de quilômetros quadrados da Amazônia, primeiro por portugueses e posteriormente por  brasileiros, dada a escassez de meios técnicos e materiais? A princípio, a unidade física da floresta amazônica, a fragilidade dos povoamentos vizinhos, a grande distância em relação aos povoamentos litorâneos e a ausência de reais ameaças por parte de outros poderes hegemônicos parecem ser razões plausíveis. Elas teriam assegurado à região uma posição de relativo isolamento em relação aos principais fluxos de povoamento na América do Sul. Porém, trata-se de uma justificativa a post hoc, uma vez que, de fato, o processo de controle avançou de forma experimental, sem alusão a quaisquer resultados. Neste artigo, apresentaremos um breve histórico das formas utilizadas no controle do território amazônico, analisadas segundo o contexto particular de cada período. Tomamos como ponto de partida o ano de 1616, quando as tropas portuguesas ocupam a foz do rio Amazonas, até chegarmos a 1960, no limite de um período qualitativamente diferente, quando o controle do território toma-se mais efetivo e complexo (MACHADO, 1987).

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Machado, L.O. 1997. O controle intermitente do território amazônico. Revista Território, 12: 19-32.